domingo, 17 de julho de 2016

L de "Las simples cosas" (III)





NÃO ME MOSTRES NENHUM NORTE


Não me mostres nenhum norte
nem estradas para lá:
são tudo embustes.

Mostra-me antes pedras, folhas mortas
de Outono atapetando o chão das matas,
voos de libelinhas rasando o sol poente,
cândidas risadas infantis.

Quero eu dizer: mostra-me coisas
daquelas que se corrompem sem pressa.


A. M. Pires Cabral, Cobra-d'água,
Lisboa: Cotovia, 2011




[ID, Entre Famalicão e Moledo, Junho 016]

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