sábado, 30 de julho de 2016

O de "O mar, o mar" (V)


São desprezíveis os que amam e os que troçam
e quem espera e o desespero e a nostalgia.
Somos deuses que a dor e a infecção engrossam
e em Deus vamos pensando todavia.

A baía suave. Sonho em bosques sumido.
Os astros pesam, flores-bolas de nevar.
Saltam panteras p'las árvores sem ruído.
Tudo é margem. Eterno chama o mar.


Gottfried Benn, 50 Poemas
trad. Vasco Graça Moura, Lisboa: Relógio D'Água, 1998



[Epígrafe de Inês Dias, Tempos VáriosLisboa: Paralelo W, 2014]

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